23 de abril de 2012

E mais anjos voltam para o Céu

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- Como começo? Dizer que estou arrasada seria pouco. Dizer que estou com raiva também. Dizer que estou com vontade de quebrar coisas e gritar com Deus parecia loucura. Mas é o que sinto. Parece que uma parte de mim também foi embora. 


Hoje é um dia que ficará marcado. Recebi a notícia de que duas pessoas que conheço faleceram. Foram embora. As duas pessoas não passavam de adolescentes. O menino eu conheço há anos. A menina eu também conheço há anos, mas nunca tinha falado com ela. Simplesmente sorria ao vê-la com o namorado e observava a mudança que aquela jovem tinha operado naquele rapaz. 


Ela tinha 16 anos. Ia fazer 17 anos no dia 05 de maio. Namorava com o filho de uns vizinhos meus. Namoravam há anos. Se não me engano, eles já estavam juntos há quase quatro anos. Tinham noivado e planejavam se casar em fevereiro do ano que vem. Eu conheço o rapaz que ela namorou. Às vezes observava a mãe dele parada do lado de fora de casa esperando o filho chegar. Ele chegava sempre tarde. Passava muito tempo com os amigos. Não queria saber de nada que não fosse seus amigos. Até ela aparecer. Eles começaram a namorar e quando eu o via, ele estava sempre com ela. Os amigos que o afastavam de tudo ficaram para trás. Eu cheguei a dizer para mim mesma que aquele romance acabaria em pouco tempo, pois só de olhar para ela dava para ver que era uma garota especial. E eu não acreditava que ele iria saber valorizá-la. Mas estava enganada. Ele mudou muito por causa dela. Namoraram durante anos e estavam fazendo planos para se casarem. Mas uns dias atrás ela ficou doente. Ontem se sentiu muito mal, foi para o hospital e não saiu de lá com vida. A última pessoa que ela viu foi o namorado. Eles conversaram e ele depois foi embora, mas antes que saísse do hospital foram atrás dele para dizer que ela tinha falecido. Logo depois dele sair do quarto. Logo depois de falar com ele. Minha mãe diz que ele está destruído. Chega está dando socos nas paredes. Nem sequer consigo imaginar a dor dele. Se eu que apenas a conhecia de vista estou sofrendo, não posso sequer imaginar a dor dele que estava organizando tudo para se casar com ela. Ela era a vida dele e Deus decidiu levá-la. Se eu dissesse tudo que desejo falar, desabafar, gritar, tenho certeza de que me arrependeria depois.


E como se não bastasse, recebo a notícia de que o filho do meu ex pastor também faleceu. Ontem. Hoje foi o enterro e eu nem sabia. Como não faço mais parte daquela Igreja não fui avisada. E a morte desse menino foi a mais dolorosa para mim. Quando o conheci ele era apenas um menino. Nasceu com uma deficiência física que o impedia de fazer qualquer coisa sem ajuda. Ele era totalmente dependente dos outros. Não falava, apenas fazia barulho com a boca. Mas ria. Sim. Isso ele conseguia fazer e eu adorava o sorriso dele. Nunca conheci ninguém que conhecesse melhor a Bíblia do que aquele menino. Ele vivia preso à uma cadeira de rodas, só conseguia balançar os braços, sorrir e fazer barulhos com a boca, mas conhecia a Bíblia melhor do que qualquer um. Num teste na Igreja, no qual ele concorreu com pessoas "normais", ele ganhou em primeiro lugar. Eu fiquei admirada. Eu o adorava. Sim. Mesmo quando decidi sair da Igreja por ter me aborrecido seriamente com o pai dele, guardei boas recordações daquele menino especial. Um menino que o Ben chamaria de anjo. E que eu também considerava um anjo. Alguém que nasceu somente para nos ensinar grandes lições. Alguém que foi condenado a ter aquela deficiência sem merecer. Um inocente castigado por não ter cometido crime algum. Mas agora Deus também decidiu levá-lo. Eu me pergunto por que Deus não decidiu levar um assassino, um estuprador de crianças, um psicopata. Sim. Eu acredito em Deus. Completamente. O amo muito, mas existem perguntas que me angustiam e das quais não encontro respostas. Eu queria que Deus tivesse usado o poder dEle para salvar esses dois adolescentes, mas Ele não fez isso e nunca irei entender seus motivos.


Estou furiosa. Já chorei tudo que tinha para chorar e acho que não terei lágrimas durante um bom tempo. A única coisa que ainda me "conforta" (se é que posso chamar disso, pois não me sinto lá muito consolada) é uma música. Uma música que coloquei aqui recentemente:



Eu estava lá


Emerson Pinheiro


Rejeições, frustrações, exclusões, lágrimas
Dores, marcas de ilusões,
São como pedras dentro da alma


Uma mãe que sente a dor de um filho que morreu e ninguém estava lá 
Deus, como isso aconteceu?
Um marido que se foi, a esposa abandonou
Um pastor que sofre a dor de
um ministério que ruiu


Mas eu sou teu Deus e Eu estava lá
No meio do teu vale, Eu estava lá
Colhendo as tuas lágrimas, estava lá
Em noites escuras, Eu estava lá


Já senti a dor do que é perder um filho
Já senti a dor do que é ser traído
Já senti a dor do que é sofrer sozinho
Fiz tudo por você
Faria de novo por você


Filho amado, hoje Eu te curo, hoje Eu te restauro
Tu és meu filho amado
Te pego em meus braços, vem com teu Pai




- Sinto uma espécie de "alívio" por saber que Deus estava lá. Que eles não sofreram sozinhos. Que Deus sentiu tudo que eles sentiram. Mas é uma tristeza saber que Deus não os curou quando tinha Todo o Poder para fazer isso. Quando era o único capaz de curá-los. 


- Vim aqui só para dividir com vocês a minha dor? (que sequer chega perto da dor que os familiares estão sentindo) Não. Vim aqui para avisar que não haverá novas resenhas, posts sobre qualquer assunto durante 14 dias (no mínimo). 14 dias ainda são poucos. Espero que vocês entendam. Eu não poderia deixar de fazer isso em memória deles. 


- Eu creio que eles agora estão descansando, mas gostaria que não tivesse sido tão cedo. Tinham toda uma vida pela frente. A menina estava planejando se casar! Era saudável e simplesmente vivia a vida dela. Estava amando e feliz. Não creio que algum dia conseguirei aceitar esse tipo de coisa. Não. Não aceitarei nunca. 


- Queridos, não sei quantos aqui acreditam em Deus, mas gostaria de pedir uma coisa para vocês. Existe um menino de poucos meses de vida que está muito doente no hospital. Não sei se o problema dele é nos rins ou no fígado. Aquela parte branca dos olhos dele está amarela. Segundo a minha tia, ele está com menos de dois quilos. Os pais não se importam com ele. Só o levaram para o hospital porque a pressão era grande. Porque o estado em que a criança está chocou quem os conhecia. Eu peguei esse menino nos meus braços uns dias atrás. Ele já estava muito mal. É visível o sofrimento dele e mesmo assim quando o peguei no colo ele sorriu para mim e segurou o meu dedo com força. Nunca irei esquecer aquele momento. O que quero pedir para vocês? Não vai custar nada. Tudo que lhes peço é que orem por ele. Peçam a Deus que permita que esse bebê se recupere, que Deus lhe permita viver. É só um bebê. Nunca fez mal para ninguém e não pediu para nascer. Está morrendo e tudo que podemos fazer é implorar ao nosso Criador. É só o que podemos fazer. Talvez ajude. Talvez convença Deus a lhe conceder a cura. Sei que Deus ama aquele bebê como amava os dois adolescentes que se foram. Mas quero acreditar que Ele não vai decidir levar esse bebê também. Ele já tem anjos demais no Céu. Que um dia Ele vá para o Céu, mas não agora. Que Deus lhe dê a oportunidade de realmente viver. Não deixem de orar, queridos! Por favor! Nunca lhes pedi nada com tanto desespero como peço agora. Orem! Peçam a Deus que o deixe viver e que o cure! Sei que todos nós somos pessoas ocupadas. Que temos muitas coisas para fazer todos os dias, mas separe um tempinho. Dois. Cinco minutos. Até menos. Para pedir por uma vida inocente. Faça a sua parte. Por favor! O nome dele é Fábio e tem cinco meses, embora pareça ter menos de um mês. É apenas um bebê. Desde já agradeço pela oração de vocês. 




Bem... Até logo! Espero que quando voltar eu lhes dê a notícia de que o pequeno Fábio está se recuperando muito bem e que não corre mais riscos de morrer. Que Deus lhe deu a cura. Tudo que posso é ter fé. Preciso ter fé. 

"Cura-me, sou Tua criança
Cura-me, cura-me, cura-me
Cura-me, Senhor Jesus"

(Trecho da música Cura-me - Fernanda Brum)



Leitora apaixonada por romances de época, clássicos e thrillers. Mãe da minha eterna princesa Luana e dos meus príncipes Celestino e Felipe (gatinhos filhos do coração). Filha carinhosa. Irmã dedicada. Amiga para todas as horas. Acredita em Deus. E no poder do amor.

2 comentários:

  1. Eu não consigo lidar com perda, sei que faz parte da nossa vida, mas definitivamente eu não consigo.
    No mês de marco completou 4 anos que perdi o meu irmão, tinha 30 anos, era casado e sem filhos...As pessoas fazem de tudo para te confortar mas não adianta, o que nos ajuda de certa forma nos conforta é somente o tempo...Então minha querida, o tempo, a fé em Deus, nada mais...

    Beijos e fica com Deus ;)

    Luciana(✿◠‿◠)
    ♪♥ Apaixonada por Romances♥ ♪

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  2. Obrigada, Lulu!

    Sinto muito pela dor que você sente pela morte do seu irmão. O tempo, infelizmente, não apaga nada. Apenas faz com que nos acostumemos com a dor.

    Bjs, querida!

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