1 de abril de 2012

O Morro dos Ventos Uivantes (trechos que marcaram)

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- Como prometi, irei colocar aqui trechos mais marcantes do livro para mim. Alguns marcaram por serem lindos, profundos... Outros marcaram por mostrarem o quanto o Heathcliff poderia ser cruel. Os que marcaram por causa disso, não são agradáveis, é óbvio. E só ficaram presentes em mim por me fazerem ver o quanto um mocinho que eu amo tanto pode ser um monstro. Enfim...


- Para quem não leu o livro, esses trechos possuem spoilers



"Nunca imaginei que o Hindley me fizesse chorar tanto!", escreve ela. "Dói-me tanto a cabeça que mal consigo deitá-la na almofada. Apesar de tudo, não consigo deixar de chorar. Pobre Heathcliff! O Hindley chama-o de vagabundo e proibiu-o de conviver ou fazer as refeições conosco. Além disso, proibiu-nos de brincar, ameaçando expulsá-lo de casa, caso voltasse a desobedecer. 
Tem andado a culpar o nosso pai (como é possível) pelo tratamento generoso que concedeu a H. E promete que o há de colocar no seu devido lugar." [Página 22]




"Dirigiu-se para a cama, aproximou-se da janela e rebentou o fecho, irrompendo de imediato num choro convulsivo.


- Entra! Entra! - soluçava. - Volta, Cathy, por favor. Só mais uma vez! Oh! Meu amor! Escuta-me ao menos desta vez!" [Página 27]




" - Ele... completamente sozinho! Nós dois... separados! - exclamou ela, indignada. - E quem vai nos separar, não me dirás? Quem tentar terá o destino de Milo! Não enquanto eu for viva, Ellen... nenhum mortal vai conseguir isso. Mais depressa sumiriam da face da Terra todos os Linton do que eu permitiria separar-me do Heathcliff" [Página 74]




" - Não sei como explicar, mas certamente que tu e toda a gente têm a noção de que existe, ou deveria existir, um outro eu para além de nós próprios. Para que serviria eu ter sido criada se apenas me resumisse a isto? Os meus grandes desgostos neste mundo foram os desgostos do Heathcliff, e eu acompanhei e senti cada um deles desde o início; é ele que me mantém viva. Se tudo o mais perecesse e ele ficasse, eu continuaria, mesmo assim, a existir; e se tudo o mais ficasse e ele fosse aniquilado, o universo se tornaria para mim uma vastidão desconhecida, a que eu não teria a sensação de pertencer. O meu amor pelo Linton é como a folhagem dos bosques: irá se transformar com o tempo, sei disso, como as árvores se transformam com o inverno. Mas o meu amor por Heathcliff é como as penedias que nos sustentam: podem não ser um deleite para os olhos, mas são imprescindíveis. Nelly, eu sou o Heathcliff. Ele está sempre, sempre no meu pensamento. Não por prazer, tal como eu não sou um prazer para mim própria, mas como parte de mim mesma, como eu própria" [Páginas 74 e 75]




" - Muitas vezes provocamos os fantasmas e nos desafiamos mutuamente a andar e chamar os mortos por entre as sepulturas. Mas tu, Heathcliff, se te desafiar agora, ainda terás coragem de fazê-lo? Se tiveres, ficarei contigo. Não quero jazer ali sozinha. Podem enterrar-me a sete palmos de profundidade e fazer desabar a igreja sobre mim, mas não descansarei enquanto não estivermos juntos. Jamais!" [Página 111]




"O Heahtcliff é incansável em fazer crescer o ódio que eu sinto por ele. Por vezes assusta-me de tal maneira que me sufoca de medo. Garanto que um tigre ou uma serpente venenosa não me assustariam mais. Contou-me da doença da Catherine e disse que a culpa era do meu irmão e que se vingaria em mim enquanto não pudesse colocar as mãos nele." [Página 126]




"- Quero que me digas, com toda a sinceridade, se Catherine sofreria muito se o marido morresse. Este é o meu único receio e, por isso, me abstenho de qualquer ato: assim se pode ver a diferença entre os nossos sentimentos. Se eu estivesse no lugar dele e ele no meu, embora o odeie profundamente, jamais levantaria um dedo que fosse contra esse homem. Acredita, se quiseres! Eu nunca o teria banido da vida dela, se isso fosse contra a sua vontade. No momento em que o interesse dela acabasse, eu iria arrancar-lhe o coração e beber seu sangue." [Página 129]




" - Ela precisou de um rasgo de perspicácia para descobrir que eu não a amava. A dada altura, cheguei a acreditar que nada a faria entender isso; mesmo assim, aprendeu mal a lição, pois esta manhã informou-me, num rasgo de inteligência, que, finalmente, eu tinha conseguido que ela me odiasse! Um verdadeiro trabalho de Hércules, podes crer! Se consegui isso, tenho de lhe agradecer. Posso confiar en ti, Isabella? Tens certeza de que me odeias? Se eu te deixasse sozinha por meio dia, não voltarias para mim com suspiros e lamentos?" [Página 131]




"Não acredites numa só palavra que ele diz. Ele não é um ser humano. É uma criatura maquiavélica e mentirosa, um autêntico monstro." [Página 131]




" - Não tenho um pingo de compaixão! Não tenho um pingo de compaixão! Quanto mais os vermes se enroscam, mais me divirto em esmagá-los!" [Página 132]




"Desde o primeiro momento em que a viu, ficou convicto, tal como eu, de que não havia qualquer esperança de recuperação e de que ela estava condenada à morte.


- Oh! Cathy! Oh, minha vida! Como posso suportar esta dor? - foram as primeiras palavras que proferiu, num tom que não realçava o desejo de mascarar o desespero.


Os olhos dele fixavam-na com tanta intensidade que julguei esse olhar capaz de lhe encher os olhos de água. Porém, as lágrimas nem tempo tiveram para rolar, pois a angústia secou-as primeiro." [Página 137]




" - Gostaria de poder abraçar-te até morrermos os dois! - prosseguiu ela, amargamente. - Não importa o que sofresses. Não me preocupo com os teus sofrimentos! Por que não hás de sofrer, se eu sofro tanto! Será que vais me esquecer? E ficarás muito contente quando eu estiver debaixo da terra? E, daqui a vinte anos, dirás junto à minha sepultura: Aqui jaz Catherine Earnshaw. Amei-a há muitos anos e perdê-la dilacerou-me o coração; mas tudo isso são coisas do passado. Depois dela, já amei outras mulheres... os meus filhos são mais caros para mim do que ela foi, e quando morrer, não me sentirei feliz por ir para junto dela; muito pelo contrário, vou me lamentar por abandonar os meus filhos. Não será assim, Heathcliff?


- Não me tortures até eu ficar tão louco como tu!" - gritou ele, libertando-se, e rangendo os dentes de raiva." [Página 138]





"- Deves estar possuída pelo diabo - continuou ele, desvairado, - para falares comigo nesse tom, quando estás à beira da morte! Já pensaste bem que toda essas palavras vão ficar gravadas na minha memória, consumindo-me a alma eternamente depois de tu morreres? Sabes que mentes quando afirmas que fui em quem te levou a esse estado deplorável. E também sabes, Catherine, que, enquanto eu viver, jamais te esquecerei! Não será suficiente para o teu egoísmo atroz saberes que, enquanto descansas em paz, eu sofrerei os tormentos do inferno?" [Página 138]


"- Mostraste-me agora o quão cruel tens sido. Cruel e falsa! Por que me desprezaste, Cathy? Por que traíste o teu próprio coração? Não tenho sequer uma palavra de conforto para dar. Tu mereces tudo aquilo por que estás passando. Mataste a ti própria. Sim, podes beijar-me e chorar o quanto quiseres. Arrancar-me beijos e lágrimas. Mas eles vão te queimar e serás amaldiçoada. Se me amavas, por que me deixaste? Com que direito? Responde-me! Por causa da mera inclinação que sentias pelo Linton? Pois não foi a miséria, nem a degradação, nem a morte, nem algo que Deus ou satanás pudessem enviar, que nos separou. Foste tu, de livre vontade, que o fizeste. Não fui eu que despedacei teu coração, foste tu própria. E, ao despedaçares o teu, despedaçaste o meu também. Tanto pior para mim, que sou forte e saudável. Se eu desejo continuar a viver? Que vida levarei quando... Oh! Meu Deus! Gostaria tu de viver com a alma na sepultura?



- Deixa-me em paz! Deixa-me... - suplicou Catherine, a soluçar. - Se errei, vou morrer por isso! Não achas o suficiente? Tu também me abandonaste, mas eu não te censuro! Eu te perdoo. Perdoa-me também!" 


"- Beija-me e não me deixes ver os teus olhos! Perdoo-te o mal que me fizeste. Eu amo quem me mata. Mas... como poderei perdoar quem te mata?" [Página 140]




" - Ela morreu, não morreu? Não preciso que me digas. E guarda o lenço, que não quero choraminguices na minha frente. Raios vos partam a todos! Ela não precisa das vossas lágrimas!" [Página 144]





" - Jaz com um doce sorriso nos lábios e, certamente, os seus últimos pensamentos foram para os dias felizes do passado. A sua vida acabou como um sonho sereno. Assim ela possa despertar no outro mundo!


- Pois que desperte em tormento! - bradou ele com assustadora veemência, batendo o pé e soltando um grito, paroxismo de cólera incontrolada. - Por que ela mentiu até o fim? Onde está ela? Não está aqui, nem no céu, nem morta! Onde está então? Oh! Disseste que não te importavas que eu sofresse! Pois o que eu te digo agora, vou repetir até que a minha língua paralise: Catherine Earnshaw, enquanto eu viver não descansarás em paz! Disseste que te matei. Pois então assombra-me a existência! Os assassinados costumam assombrar a vida dos seus assassinos, e eu tenho certeza de que os espíritos andam pela terra. Toma a forma que quiseres, mas vem para junto de mim e me enlouquece! Não me deixes só, neste abismo onde não te encontro! Oh! Meu Deus! É indescritível a dor que sinto! Como posso eu viver sem a minha vida?! Como posso eu viver sem a minha alma?!" [Página 146]




"Mas o que não associo eu a ela? O que não a traz à minha memória? Se olho para estas lajes, vejo nelas gravadas as suas feições! Em cada nuvem, em cada árvore, na escuridão da noite, refletida de dia em cada objeto, por toda a parte eu vejo a sua imagem! Nos rostos mais vulgares de homens e de mulheres, até as minhas feições me enganam com a semelhança. O mundo inteiro é uma terrível coleção de testemunhas de que um dia ela realmente existiu e a perdi para sempre!" [Páginas 279 e 280]

Leitora apaixonada por romances de época, clássicos e thrillers. Mãe da minha eterna princesa Luana e dos meus príncipes Celestino e Felipe (gatinhos filhos do coração). Filha carinhosa. Irmã dedicada. Amiga para todas as horas. Acredita em Deus. E no poder do amor.

9 comentários:

  1. Ei, Luna!
    Pois é. Desde que você enviou aqueles trechinhos para a "Trechinhos que Impressionam" do blog que eu ando louca para ler esse livro... Mas ando uma correria só, e ainda não tive tempo...
    Mas o livro deve ser único e inesquecível. Vou ler, sim, sem dúvida.

    Bjus,
    Náh
    http://lerdormircomer.blogspot.com.br/

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  2. Olá!
    Tenho esse livro (com outra capa),ganhei de presente em época de promoção no Submarino rsrs ainda não li,mas to ansiosa!
    Bjos

    Bruna Fernandes
    fazdiconta.blogspot.com

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  3. AMO O MORRO DOS VENTOS UIVANTES
    AMO LITERATURA *.*

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  4. Foi o melhor livro já escrito, pelo menos dos de romance e drama foi... Esse livro é inesquecível, o melhor que eu já li na minha viida!

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  5. ACHO QUE ESTE TIPO DE BLOG AJUDA MUITO NA FORMAÇAO DE BONS LEITORES E DE OBRAS BOAS, TAMBÉM INDICARIA, LUCÍOLOA DE MACHADO DE ASSIS PARA FIGURAR NO SEU ACERVO, EMPOLGOU BASTANTE O MEU PÚBLICO DE NONO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE UMA ESCOLA PÚBLICA

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  6. essa versão do livro está grotesca!!!não gostei nada...uma outra versão que li estava melhor!

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  7. Livro excepcional... Leio e releio sempre que posso. Tenho ele e não desgrudo, sempre que posso leio uma página.

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  8. Alguem sabe em que página tá esse trecho?

    "Nunca lhe confessei abertamente o meu amor, mas se é verdade que os olhos falam, até um idiota teria percebido que eu estava perdidamente apaixonado."

    (O Morro dos Ventos Uivantes)

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    1. Olá!

      Esse trecho faz parte do primeiro capítulo do livro, quando o inquilino do Heathcliff (senhor Lockwood) está relembrando um "amor" que teve no passado.

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