8 de setembro de 2015

Reencontros - Linda Howard

Tempo de leitura:

Em uma manhã ensolarada no México, Milla Edge vê sua maior paixão desaparecer num piscar de olhos: seu bebê recém-nascido é literalmente arrancado de seus braços, num rapto violento e inexplicável. Carregando a angústia de não saber o paradeiro de seu filho, Milla funda uma organização especializada em encontrar crianças desaparecidas. Dez anos mais tarde, apesar de ter ajudado várias famílias desesperadas, ela continua sem ter qualquer pista sobre o crime que a marcou profundamente. Desde então, sua vida pessoal desmoronou e sua sanidade por pouco não foi afetada. Mas as coisas começam a mudar de figura quando Milla recebe um telefonema anônimo... A partir de então, a cada passo ela parece estar mais perto de seu filho - e também mais próxima da morte. 


Palavras de uma leitora... 


"Ela queria ir para algum lugar e morrer, porque não suportaria viver com essa dor."

- Como seguir em frente sem seu filho? Como deixar o passado para trás como se ele nunca tivesse existido? Como se, numa manhã aparentemente normal, ele não tivesse sido arrancado de seus braços enquanto as pessoas observavam sem se atreverem a ajudá-la? Naquele dia, após receber uma facada que a deixara entre a vida e a morte no hospital, Milla Edge morreu. Em seu lugar surgiu uma outra mulher... alguém mais forte, com um vazio e uma dor enormes que a empurravam para a frente enquanto seu único objetivo, sua razão para ainda respirar, era encontrar seu filho. Se aquela tivesse que ser uma batalha que precisaria lutar sozinha, ela assim o faria. Mas não poderia escutar os outros e fingir que seu bebê não estivera durante nove meses em seu ventre.... não poderia fingir que não lhe dera à luz, alimentara e protegê-la. Não poderia abandoná-lo. 

"— Dez anos já se passaram. 
— Não me importo se fizer vinte. [...] Não me importo se durar o resto de minha vida."

- Não creio que isso venha a se chamar uma resenha. Há anos venho fugindo desta história. E qualquer pessoa que já a tenha lido pode entender meus motivos. Quando ouvi falar deste livro estava ainda no início do blog, então, já faz mais ou menos uns 5 anos e só agora me considerei capaz de lê-la. O que não sei bem se foi uma boa ideia, para ser sincera. Meus olhos ainda estão inchados de tanto chorar e sinto uma revolta tão grande dentro de mim e admiro o fato de estar conseguindo escrever. Não sei explicar o que sinto. Não é só em relação a tudo que acontece no livro e todas as tragédias que a Milla teve que suportar... todos os anos sem saber se seu filho estava vivo ou morto. E se, estando vivo, estava bem ou nas mãos de um doente que o estivesse torturando. Ela não tinha nada. Não podia permitir-se ter muitas esperanças, mas sequer tinha um caixão no qual chorar. E é aí que o livro me atingiu tanto. Porque é a realidade de tantas e tantas famílias... Quantas pessoas tiveram seus filhos sequestrados? Quantas crianças estão perdidas por aí, passando por coisas que não podemos sequer imaginar (ou não queremos imaginar)? Quantas mães e pais estão destruídos, esperando que algum dia apareça uma notícia, alguma pista? Ou que seu filho bata à porta e entre como se toda a dor não tivesse passado de um pesadelo? É algo real demais. Algo que vemos na TV, que escutamos nas rádios, que vemos quando olhamos alguma notícia na internet. Ou quando vamos a postos de saúde, hospitais e até escolas que têm um cartaz com fotos de crianças e adolescentes desaparecidos. O que aconteceu com eles? Será que estão vivos? Recentemente mesmo eu vi cartazes de uma menina desaparecida. Parei para olhar, mas segui com meu caminho depois, assistindo minhas aulas, lendo, seguindo com minha rotina. Mas aquela família, daquela menina, com certeza não consegue fazer isso. Devem passar noites em claro, imaginando onde ela estará. Devem ter pesadelos e crises de choro e pânico. E ao pensar em todas essas coisas enquanto lia a história da Milla, eu não pude me controlar. Senti uma revolta imensa, um desespero, uma impotência. Como podemos viver num mundo tão cruel? Como podem existir pessoas tão más, capazes de destruir assim a vida de outras pessoas como se não fosse nada? Como alguém pode ficar com a consciência tranquila após arrancar o filho dos braços de uma mãe? Às vezes, ao pensar em coisas assim, ao ler livros que me fazem encarar essa realidade tão desumana, eu sinto vontade de apenas ficar no quarto por muito tempo. De dormir e esquecer o mundo. 

"A vida dela tinha sido tão destruída que o depois não lembrava em nada o antes."

- Um dia ela tinha desejado salvar o mundo. Fora uma jovem sonhadora e idealista, que adorava as crianças e queria lecionar, como sua mãe. Fizera imensos planos para sua vida, mas tudo mudou depois que ela conheceu o David. O homem por quem se apaixonara e que mudara sua vida. Com o qual ela se casou e teve seu pequeno milagre. Ao ter Justin nos braços pela primeira vez, ela não desistiu de seus outros sonhos, mas soube, naquele instante, que ser mãe era a sua prioridade. Fazer aquele pequeno ser feliz, seria seu maior objetivo. E então ele se foi... Apenas seis semanas depois de nascer. E sua vida se foi com ele. 

Agora, dez anos mais tarde, ela mantinha a fundação que criara para procurar por crianças e outras pessoas desaparecidas. E embora existissem casos que terminavam da pior maneira, ela também ajudara muitas famílias a recuperar seus filhos. Presenciara o alívio, a alegria de pais que acreditavam que nunca mais veriam seus filhos e os reencontraram com sua ajuda. Mas em todos aqueles anos não existira uma só pista que a levasse até seu próprio filho. Até que uma ligação anônima a colocou no caminho de Díaz. Um homem misterioso que, de alguma maneira, poderia ter as respostas para antigas perguntas. Que poderia desvendar aquele mistério. Quem levara o seu filho? Por que a tinham escolhido? O que havia sido dele? Talvez todas as perguntas estivessem prestes a ser respondidas... Mas qual seria o preço a pagar? 

"Ela estava no caminho certo. Sabia disso. E seguir por esse caminho poderia resultar em sua morte."

- Acompanhar todo o sofrimento da Milla, todos os anos de busca, sem que ela pudesse seguir em frente, sem que ela realmente vivesse, não foi nada fácil. Foi uma experiência desgastante, que abalou os meus nervos e minhas emoções. E junto a tudo isso estava o choque e a mágoa por ver que ela estava fazendo tudo aquilo sozinha. Que seu marido, o homem que ela tanto tinha amado, se divorciou dela um ano após o desaparecimento do filho e construiu uma nova família. Se casou, teve outros filhos e seguiu em frente. Que os pais e os irmãos da Milla acreditavam que aquela era uma causa perdida e em vez de apoiá-la, de ajudá-la em algo, se sentiam revoltados porque achavam que ela tinha que deixar tudo aquilo para trás e recomeçar. Que achavam que ela tinha que deixar seu filho para trás. E eu, apesar de não ter filhos, consigo compreender a Milla. Entender porque ela se afastou de todos eles e por que não se considerava capaz de perdoá-los. Por que como sua própria família pode dizer que você deve esquecer seu filho? Como alguém pode deixar um filho para trás, sem lutar para salvá-lo, para recuperá-lo? Eu admiro demais a Milla. Ela é uma mocinha de verdade. Uma guerreira, uma mãe dos pés à cabeça, que somente a morte poderia parar. Eu torci muito por ela. E mesmo sem poder dizer se ela tem ou não um final feliz... posso dizer o que todos nós já sabemos: a vida não é justa. O mundo não é cor-de-rosa. Muitas coisas ruins acontecem na vida de pessoas que não merecem. Muita coisa ruim aconteceu na vida da Milla e acho que nunca conseguirei superar isso. Nunca conseguirei esquecer a cena em que seu filho é arrancado de seus braços... não conseguirei esquecer os sonhos que ela teve e foram desfeitos, destruídos de forma tão cruel. Sua juventude, seu casamento, sua alegria. Ela perdeu demais. E nada que a autora tivesse feito depois, ao longo da história, poderia mudar ou compensar tudo isso. O que foi perdido simplesmente foi perdido. A Milla nunca mais seria a mesma... nada voltaria a ser como antes. 

"Não poderia se permitir olhar para qualquer outra coisa, pensar em qualquer outra coisa; no momento estava apática, mas a dor esperava à beira de sua consciência, pronta para consumi-la outra vez."

- Não me atrevo a recomendar este livro. Para mim, ele é totalmente digno de 5 estrelas e passagem para os favoritos. É um dos livros da minha vida, aquele tipo de história que nem se eu vivesse cem anos conseguiria esquecer. O tipo de história que marca e fica. Mas acaba com nossos nervos, nos leva às lágrimas vezes sem conta e deixa uma dor em nosso coração. Não é uma leitura fácil de modo algum. É angustiante, desesperadora em vários momentos e no final nos faz chorar até que não tenhamos mais forças. Em resumo: é uma história real. Por mais que seja ficção, por mais que não tenha ocorrido de verdade, é real, entendem? É uma história crua, que mostra a realidade de muitas pessoas. A dor de muitas pessoas. 

"Às vezes levantava o rosto para o sol do inverno à procura de seu fraco calor, e sabia que tinha sobrevivido."

- A história entre a Milla e um outro personagem do livro me fez lembrar de uma música muito triste principalmente este trecho:

"Dá-me força. Eu quero amar. Leva-me... longe. Para sonhar. Dá-me teu amor... Uma vez mais. Quero em teus braços recomeçar..." [Dame Fuerza - Estela Díaz]

Leitora apaixonada por romances de época, clássicos e thrillers. Mãe da minha eterna princesa Luana e dos meus príncipes Celestino e Felipe (gatinhos filhos do coração). Filha carinhosa. Irmã dedicada. Amiga para todas as horas. Acredita em Deus. E no poder do amor.

2 comentários:

  1. Puxa, ninguém comentou...
    Li esse livro antes de ter filhos, então posso dizer que quando vc os tem fica bem mais cruel lê-lo.
    É um livro que não consigo esquecer, um dos livros da minha vida, tb. E não adianta o tempo passar, as situações mudarem, meu humor estar diferente, ou seja lá o que for, sempre choro quando o leio. E apesar de machucar tanto, sempre o leio. Eu não consigo deixar de admirar e amar a personagem que nos foi presenteada pela Linda Howard. Já perdi a conta das vezes que li. O que mais me arrasou foi a decisão dela, no final. É lógico que não tinha uma saída boa e não sei se minha escolha teria sido igual, se eu estivesse no lugar dela. Eu tenho minhas dúvidas se seria altruísta como ela.
    Por mais que leia outros livros impactantes, não acredito que consigam superar Reencontros. Estava louca para comenta-lo com alguém que o tivesse lido, que bom encontrar sua resenha, seus sentimentos...

    Abçs

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  2. Você comentou, sweeeet! Muito obrigada! :) Fiquei muito feliz com o seu comentário! Seja bem-vinda!

    Eu imagino! Embora ainda não tenha filhos, foi extremamente doloroso ler essa história. Me coloquei no lugar da Milla várias vezes e apenas imaginar o sofrimento dela foi suficiente para me deixar em prantos. Se eu tivesse filhos sei que seria ainda mais dolorosa a leitura. :(

    Entendo bem o que você sente pelo livro! Também é um dos meus preferidos. Mas não sei se aguentaria relê-lo. Sofri demais com ele.

    A Milla foi uma guerreira e tanto e no final fez a melhor escolha pelo filho. Como você, também não sei se conseguiria tomar tal decisão. Ela preferiu protegê-lo, permitir que ele tivesse uma infância sem "choques", abrindo mão de si mesma, preferindo continuar sofrendo longe dele. Só lembrar faz meus olhos se encherem de lágrimas de novo. :( Nunca vou aceitar tudo o que aconteceu com ela.

    Bjs!

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