16 de setembro de 2017

O Resgate no Mar (Parte 1) - Diana Gabaldon

Tempo de leitura:
(Título Original: Voyager
Tradutora: Geni Hirata
Editora: Saída de Emergência
Edição de: 2015)

3º Livro da Série Outlander 

Há vinte anos Claire Randall voltou no tempo e encontrou o amor de sua vida – Jamie Fraser, um escocês do século XVIII. Mas, desde que retornou à sua própria época, ela sempre pensou que ele tinha sido morto na Batalha de Culloden. 

Agora, em 1968, Claire descobre, com a ajuda de Roger Wakefield, evidências de que seu amado pode estar vivo. A lembrança do guerreiro escocês não a abandona… seu corpo e sua alma clamam por ele em seus sonhos. Claire terá que fazer uma escolha: voltar para Jamie ou ficar com Brianna, a filha dos dois. 

Jamie, por sua vez, está perdido. Os ingleses se recusaram a matá-lo depois de sufocarem a revolta de que ele fazia parte. Longe de sua amada e em meio a um país devastado pela guerra e pela fome, o rapaz precisa retomar sua vida. 

As intrigas ficam cada vez mais perigosas e, à medida que tempo e espaço se misturam, Claire e Jamie têm que encontrar a força e a coragem necessárias para enfrentar o desconhecido. Nesta viagem audaciosa, será que eles vão conseguir se reencontrar?



Palavras de uma leitora...


- Sei que demorei muito para ler a continuação da série. Mas vocês precisam entender que não sou a pessoa mais corajosa do mundo.rs Como disse no post Outlander - Série de Livros e de TV, estava com medo. Muito, na verdade. Tanta coisa aconteceu em A Libélula no Âmbar e saber que o casal passaria boa parte do livro três separado me fez adiar a leitura por tempo indeterminado.kkkkkk... Eu já tinha sofrido tanto... Só de pensar na dor que a Claire e o Jamie estariam sentindo... Foi demais para mim. 

E se vocês acham que adiei por muito tempo a leitura (um pouco mais de dois anos) o que diriam do que tenho feito com a Mat e o Eliah?!rs Li o primeiro e segundo livro da Trilogia Cavalo de Fogo em 2013. Até hoje não criei coragem para ler o último livro.kkkkk Penso bastante no meu casal querido. Este ano, então! Todavia, sigo não estando preparada para as torturas que sei que fazem parte do último livro. Ainda mais depois que li a história do Artémio e da Rafaela. Amo a Florencia Bonelli assim como também sou louca pelos livros da Diana Gabaldon, mas meu coração aguenta doses pequenas de sadismo por ano.rs E ver meus casais amados sofrendo, sendo feridos de maneiras insuportáveis não é algo que eu aprecie. 

"Claire. O nome cortou seu coração como uma faca, provocando uma dor mais torturante do que qualquer sofrimento que seu corpo já havia suportado."

Em A Viajante do Tempo, após passarem anos separados por conta da guerra, Claire e Frank resolvem viver a tão sonhada lua de mel. Assim, saem da Inglaterra para passar algum tempo na Escócia, conhecendo os mistérios e belezas daquela terra tão bonita que guardava os segredos de épocas devastadoras... A primeira e a Segunda Guerras Mundiais haviam passado, mas a Escócia, cerca de dois séculos antes, tinha vivido a sua própria destruição. 

Ao chegar à Escócia, em vez de recuperar o tempo perdido e finalmente conhecer de verdade a esposa, Frank decide aproveitar a viagem para aprofundar-se mais em seus estudos sobre os jacobitas, seus antepassados e a Batalha de Culloden, sem saber que estava prestes a perder a mulher que amava... e, talvez, para sempre.

Curiosa após ver um estranho ritual enquanto passeava com o marido, Claire não conseguiu tirar o lugar de sua cabeça. Algo a atraía, como se a chamasse. Não parando muito para pensar, retorna ao círculo de pedras na manhã seguinte, atravessando dois séculos antes que pudesse ter noção do que lhe acontecia. 

Agora na Escócia do século XVIII, perdida e confusa, seu caminho se cruza com o de Jamie Fraser... mudando para sempre a vida dos dois. Não queria estar ali. Queria voltar para casa, para o marido que deveria estar desesperado à sua procura. Aquele não era o seu lugar. Mas, conforme o tempo passa e ela vai conhecendo melhor o homem com o qual teria que se casar para salvar a própria vida, seu coração começa a não desejar o mesmo que sua mente. Como deixá-lo se bastava um toque para que ela esquecesse o mundo? Como pensar numa outra vida se ao estar em seus braços sentia que era aquilo que esperara por tanto tempo? Amava-o com seu sangue, seus ossos, todo seu corpo e alma. Não quisera amá-lo e se tivesse que pagar o preço por trair aquele que talvez ainda esperasse por ela... o pagaria com alegria, pois nada no mundo a faria deixar Jamie Fraser para trás... Nada. 

" - Eu vou protegê-la. Dele e de qualquer outra pessoa. Até a última gota do meu sangue [...]" 
[A Viajante do Tempo] 

Mas em A Libélula no Âmbar tudo foge ao controle de Claire e Jamie. Com a revolta jacobita estourando, segredos, intrigas, mentiras e assassinatos por toda parte, o destino interfere separando os dois. Eles fizeram tudo o que puderam para impedir aquela guerra. Traíram amigos, correram riscos numa tentativa desesperada de mudar a história. Como permitir que uma guerra que destruiria tantas vidas acontecesse? Como não fazer nada diante da certeza de que tantas pessoas queridas ficariam pelo caminho e que os que sobrevivessem desejariam estar mortos? Não podiam permitir, mas o tempo trataria de provar que a história não poderia ser mudada e que o que tivesse que acontecer... aconteceria.

Ainda tentando recuperar-se do pesadelo que viveram na França, enquanto lutavam para impedir a Batalha de Culloden, Claire e Jamie retornam à Escócia. Parte deles ficaria para sempre naquele país... como o bebê que morreu ali. Eram muitas as lembranças, mas recomeçar era necessário. E enquanto tivessem um ao outro suportariam o que fosse. 

Todavia, após Dougal Mackenzie, tio de Jamie, ouvir uma conversa reveladora entre os dois, tudo caminha rapidamente para a mais dolorosa separação. Forçado a matar o tio para salvá-la, Jamie sabia o que precisaria fazer em seguida. Destroçado, leva Claire até onde tudo começou... Ela precisaria ir embora. Salvar o filho que esperava. Porque o destino dele já estava selado. Morreria em Culloden, cumprindo a história. Mas ela precisaria salvar o bebê, para que tudo valesse a pena. Para que sua morte não fosse em vão. 

Ninguém um dia poderia entender ou sentir a dor que a sufocou ao atravessar aquelas pedras outra vez... De volta ao seu mundo. Ao seu marido. Sabendo que Jamie não sobreviveria. Sabendo que ele estava disposto a morrer na guerra. Como imaginar uma vida sem ele? Como seguir em frente se as lembranças não a deixavam? Seu corpo ansiava pelo dele, seu coração gritava seu nome. Queria só mais uma chance. Uma oportunidade de voltar para ele. Para reviver o que um dia os uniu. 

E assim... Vinte longos e insuportáveis anos se passam. Cumprindo a promessa que lhe fez, Claire cria a filha dos dois ao lado de Frank. Com o tempo habituara-se à dor e conseguira seguir em frente. Mesmo que o visse em todas as partes. Mesmo que nunca o tenha esquecido. 

Porém, quando Frank morre e ela decide retornar à Escócia para que Brianna conheça a sua história, revelações chocantes a fazem perceber que talvez Jamie não tenha morrido em Culloden... que talvez ainda fosse possível encontrá-lo. Teria coragem? Conseguiria deixar a filha dos dois e ir ao seu encontro? 

"Permaneci imóvel, a visão embaciada, e naquele instante ouvi meu coração se partir. Foi um pequeno som, nítido, como o estalido da quebra do caule de uma flor."
[A Libélula no Âmbar]


No final do segundo livro, Claire descobre que Jamie realmente não morreu na guerra. Dividida entre a dor por tantos anos de separação e a esperança de ainda poder vê-lo, começa uma busca frenética na História, numa tentativa de rastrear seu paradeiro e então tomar a mais difícil decisão de sua vida. Porque a esperança também era acompanhada pela angústia de ter que escolher entre ir ao seu encontro, se ele de fato ainda estivesse vivo, e ficar com Brianna, a filha que teria que deixar para trás se atravessasse as pedras outra vez. Como escolher? 

"- Jamie - disse em voz alta. Meu coração batia com força no meu peito. - Jamie - disse outra vez, mais serenamente."

- Quem leu o primeiro livro da série sabe que as coisas terminaram bem entre nosso casal. O que contribuiu para o choque enorme que levamos assim que iniciamos a leitura do segundo livro. Porque A Libélula no Âmbar já começa em 1968, vinte anos após a separação entre Claire e Jamie. Uma separação que não esperávamos, algo que não entendíamos e nos angustiava. Como assim? Vinte anos? O que diabos aconteceu? Perdi alguma coisa? Então, depois de nos mostrar um pouco da vida da Claire no presente, com a filha já adulta numa viagem pela Escócia com ela, retornamos ao passado... e então tudo faz sentido... 

Acaba que o casal não fica separado de verdade no livro 2. Sabemos que estão, mas a autora passa o livro quase todo mostrando o passado e isso nos dá a maravilhosa sensação de que estão juntos ainda, que tudo não passou de um pesadelo. Apenas no final do livro voltamos novamente para o presente... e aí a ficha cai. De uma maneira bem dolorosa. 

"A memória voltou de repente e ele soltou um urro. Estava enganado. Aquilo era o inferno. Mas James Fraser, afinal de contas, não estava morto."

Quando O Resgate no Mar começa, nos vemos novamente levados ao passado. Só que enquanto no segundo livro fomos ao período anterior à separação, aqui conhecemos o que se passou depois. E, acreditem, foi muita coisa. Muita. :( Conseguem imaginar o que é estar longe de quem amam? Não ouvir sua voz, não sentir o toque da sua pele, ver seu sorriso, suas manias, sentir sua presença? Querer chorar em seus braços e não poder? Viver durante anos sem saber o que aconteceu, contando apenas com possibilidades e fé. Se conseguem imaginar, então podem ter uma ideia do que Claire e Jamie passaram. Mas foi além disso. Porque a Batalha de Culloden aconteceu, deixando cinzas e dor por toda a parte. 

Ele ainda não sabia por que não tinha morrido. Confuso após despertar, sem saber se estava no inferno ou não, mas imaginando que estava morto, Jamie demorou um pouco para perceber que estava deitado ao lado dos corpos daqueles que perderam tudo naquela guerra. Amigos, inimigos... Os sangues se misturavam e eles pareciam ainda estar ali... A alma relutando em entender, em partir... Começando a sentir frio, é então atingido pela dor dilacerante. Todo seu corpo doía, mas sua perna queimava com a ferida que não demoraria a matá-lo se não recebesse ajuda. 

Não queria que o salvassem. Tudo o que desejava era que a morte chegasse logo. Porque a consciência também trouxe de volta as recordações... e a perda. Claire. Ela não estava mais ali. Não poderia encontrá-la. Nunca mais a veria. Cego pelo sofrimento, sem mais forças para continuar, deixou-se morrer. Mas o destino, fazendo novamente suas próprias escolhas, interferiu, fazendo com que ele vivesse... contra sua vontade. Será que não entendiam que ele queria partir? Que não existia vida sem ela? 

"As lágrimas escorreram lentamente por baixo de suas pálpebras cerradas e ele virou-se dolorosamente de lado, para escondê-las dos outros.
Deus, que ela esteja a salvo, rezou. Ela e a criança."

Uma antiga dívida de honra faz com que Jamie não seja executado pelos ingleses. Do seu canto no chão, com uma infecção que não demoraria muito tempo para matá-lo, Jamie foi obrigado a escutar os disparos que tiraram a vida daqueles que como ele tinham sobrevivido à batalha. As ordens da Coroa eram fuzilar todos os soldados inimigos que tinham sobrevivido, ou seja, os escoceses. Sem piedade, os soldados executaram um por um e Jamie só desejava que sua vez chegasse logo, mas ao ser reconhecido pelo homem encarregado pelos fuzilamentos, uma estranha ironia do destino faz com que ele seja poupado e levado clandestinamente até sua casa, para os braços de sua irmã. 

Quando fica bom o suficiente para entender que não morreria como desejava, pode então perceber... Aquele era o início... de uma vida sem ela. Claire. Conseguiria? Teria forças para seguir em frente, para continuar sem a mulher que jamais deixaria de amar? 

"- Ele deu você para mim - disse ela, tão baixo que eu mal conseguia ouvi-la. - Agora eu tenho que devolvê-la a ele, mamãe."

Um dia, mais de vinte anos atrás, ela atravessou aquelas mesmas pedras, quando não sabia o que fazia ou o que encontraria do outro lado. Conheceu uma nova vida e o homem que sentia que era parte de seu próprio corpo. Que nunca estaria completa sem ele. Mas... três anos depois, sentindo-se sangrar por dentro, as circunstâncias a levaram embora. Agora... estaria preparada para atravessá-las pela terceira vez? Encontraria a felicidade como da primeira vez ou o desespero que a atingiu na segunda? Não sabia. E tinha medo. Mas precisava ir... Precisava estar ao seu lado. Queria voltar a respirar. A sentir-se viva outra vez. 

"Não sei quanto temo ficamos ali sentados no chão, chorando nos braços um do outro com a saudade de vinte anos derramando-se pelos nossos rostos."

- Não dá, gente. Não dá para colocar em palavras tudo o que senti durante esta leitura. A forma como me envolvi com cada acontecimento, com as pequenas alegrias e as terríveis dores dos personagens. Meu Jamie sofreu tanto! :( Não sei bem se a autora o ama ou odeia, tendo a acreditar na segunda hipótese. Porque ele sofreu os tormentos do inferno antes da Claire, quando o Black Jack apareceu em sua vida provocando destruições que me dói só de lembrar. E aí ele conheceu a nossa mocinha e mais uma vez foi golpeado pela vida, indo parar nas mãos do mesmo monstro num pesadelo que sinto náuseas quando recordo, que ainda me provoca arrepios e desespero. Ao lado dela não vive só a dor e humilhação que o Black Jack lhe causa. Claro que não! A autora queria mais e então vem a França! Enfim... A Diana deve mesmo odiá-lo! Porque ele sobreviveu à Culloden, mas pagou um preço muito alto. Durante vários anos...

Todavia, mesmo revoltada com a autora por separar o casal por tantos anos e provocar todos os sofrimentos que marcaram a vida dos dois, este é o meu livro preferido da série até agora. :) Não sei explicar. Me envolvi tanto... Acompanhei cada momento como se estivesse dentro da história, como se pudesse realmente ver o que acontecia. Também vivi algo semelhante durante a leitura dos outros dois, mas tem algo especial neste aqui. Algo que me tocou de uma maneira diferente, que o tornou único. Que me fez desejar recomeçar a leitura imediatamente após terminá-la. Existem coisas impossíveis de explicar. Coisas que apenas sentimos. Essa é uma delas...

"- Culloden - disse ele, a palavra sussurrada uma evocação de tragédia. Morte. Vazio. A terrível separação que me tirara dele.
- Eu nunca mais o deixarei - murmurei. - Nunca mais."

- Quando o reencontro finalmente aconteceu... Eu não sabia se ria ou se chorava. Para piorar minha situação o Jamie desmaiou.kkkkkkkkk... Aí fiquei igual uma doida rindo e chorando ao mesmo tempo.rsrs Jamie nunca deixará de ser esse escocês deliciosamente irresistível. Um guerreiro corajoso, implacável quando necessário, mas fiel à Claire de uma maneira tão bonita que nos emociona até as lágrimas. Que lutava o máximo que conseguia contra as necessidades do corpo, pois quando precisava deitar-se com uma mulher sentia que a traía, mesmo que a esperança de voltar a vê-la nesta vida não existisse. Um homem que seria capaz de ir ao inferno para salvá-la, mas que vomitava ao atravessar o mar e desmaiava ao rever fantasmas.rs Um assassino quando necessário, um contrabandista, um rebelde, mas também alguém que "adotou" um pequeno chinês encrenqueiro, que criou um pequeno batedor de carteiras como seu próprio filho, que colocava as necessidades dos outros acima das suas, se hospedava num bordel e jamais se deitava com as prostitutas, pois as respeitava como pessoas, como seres humanos e tinha princípios arraigados. Este é o meu Jamie. Nunca mudaria. Acontecesse o que acontecesse, em sua essência ele sempre seria o mesmo. 

" - Não sinto medo há muito tempo, Sassenach - sussurrou ele. - Mas agora acho que estou sentindo. Porque agora eu tenho algo a perder."

- Paro por aqui, queridos. A resenha já ficou longa demais.kkkkkkk... Continuarei a falar deste livro na resenha da segunda parte. Como vocês sabem, o terceiro livro da série foi dividido em dois livros, Parte 1 e 2. Este volume de 567 páginas (estou contando com a numeração da última página da história e não do livro em si) é apenas a primeira parte.rsrs 

Infelizmente, não poderei começar a Parte 2 hoje e nem nos próximos dias. :( Algo que me deixa um tanto irritada. É que preciso ler o livro escolhido para o tema deste mês do Desafio 12 Meses Literários. Mas assim que terminar retorno para Claire e Jamie. :D

Leitora apaixonada por romances de época, clássicos e thrillers. Mãe da minha eterna princesa Luana e dos meus príncipes Celestino e Felipe (gatinhos filhos do coração). Filha carinhosa. Irmã dedicada. Amiga para todas as horas. Acredita em Deus. E no poder do amor.

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