19 de agosto de 2017

Rei Édipo - Sófocles

Tempo de leitura:
(Título Original: Oidípous Tyrannos
Tradutor: Ordep Serra
Editora: Peixoto Neto 
Edição de: 2004)

Sófocles foi um dos três grandes escritores de tragédias da Antiguidade grega. Embora tenha escrito mais de cem peças, somente sete delas foram conservadas na íntegra. Rei Édipo é a mais conhecida. 

O mito do rei tebano era muito antigo e fora usado por outros escritores gregos antes de Sófocles. Tomando-o como tema, ele criou uma das maiores obras da dramaturgia ocidental, apontada por Aristóteles, em a Arte poética, como o modelo do gênero trágico. O médico vienense Freud a transformou numa alegoria de suas ideais, utilizando-a para explicar a mais influente teoria psicológica já elaborada: a psicanálise. 



Palavras de uma leitora...



- Pensem numa pessoa que estava tentando fazer esta resenha ontem, mas dormiu ao lado do computador.kkkkk... Peço perdão, queridos! Sei que deveria fazer este post na sexta-feira, porém eu estava tão cansada, mas tão cansada que apaguei!rsrs 

Será que já contei aqui que não sou muito fã de peças teatrais? Pois bem. Nunca fui ao teatro e nem tive vontade de ir. Já assisti algumas peças em outros lugares, como igrejas, centros culturais e até já fiz parte de algumas peças. Foram peças da igreja.rsrs Lembro especialmente de duas. Numa delas, interpretei Maria, mãe de Jesus, e chorei muito. Foi um momento forte, pois todos nós nos envolvemos muito com a apresentação. Parecia que estávamos vivendo aquele momento, anterior à crucificação. Numa outra peça, interpretei uma vilã, Herodias, que influenciava a filha a pedir a cabeça de João Batista. Também foi forte fazer esse papel, pois eu detestava aquela mulher.kkkkkk... No momento crucial, quando ela ordenava à Salomé que fizesse tal pedido, minha boca falava o que minha mente gritava para eu não dizer, porém era necessário seguir o roteiro. Enfim... Ao longo dos anos, participei de outras peças, pois era bem ativa na Igreja, até mesmo como coreógrafa.kkkkkkk... Sempre fui muito tímida, mas amava participar de peças e coreografias e nesses momentos esquecia toda timidez. Eu apenas vivia o momento. 

Quando digo que não sou muito fã de peças, estou falando das demais, sem ser as bíblicas. Sempre amei assistir peças cristãs, mas não tenho paciência alguma com as outras.rs E se não gosto de vê-las, imagine lê-las!rsrs

- Todavia, há anos ouço falar de Édipo Rei e Antígona. Desde a metade do ensino fundamental, na verdade. Mas no ensino médio isso se intensificou. Ao me apaixonar por mitologia grega, acabei esbarrando em algumas histórias e tive um professor de História da Arte que também tocava em assuntos referentes a mitos antigos. Professores de Literatura também gostavam de falar de lendas, mitos e histórias clássicas. Assim sendo, eu já conhecia a história inteira antes mesmo de lê-la!rs 

No meu primeiro período na faculdade, na disciplina de Introdução ao estudo do meu curso (que não direi qual é.rs), o meu professor, que era maravilhoso (e sinto muitas saudades dele), falou mais de uma vez e de maneira apaixonada da história de Antígona. Como eu disse, eu já conhecia a história, mas nunca pude esquecer a forma intensa como ele falou dessa tragédia. Na época, eu quis lê-la, mas outros livros acabaram por me prender e adiar a leitura. 

Ainda no meu primeiro período, na disciplina Psicologia aplicada ao meu curso, houve uma menção ao "Complexo de Édipo" num dos livros que tive que ler, que falavam sobre Freud, sobre o desenvolvimento do ser humano e tudo mais. Lembro que franzi a testa diante da teoria dele e não gostei muito dele ter retirado tal "interpretação" da história de Édipo. 

Em resumo: foram muitas as vezes em que "passei" por essas duas histórias antigas, interligadas, uma vez que Édipo é o pai de Antígona e ambos tiveram uma vida bem difícil e realmente trágica. Não dá para esquecer de Laio, pai de Édipo, que foi o meu primeiro contato com esse mito. 

Esta resenha terá spoiler. 

"Que você, tendo a vista, não vê o próprio mal, 
Não enxerga onde mora, nem com quem."

- Tudo começa com o desespero em que se veem os cidadãos de Tebas, pois uma praga terrível assola sua gente, causando diversas mortes. Sendo uma maldição enviada pelos deuses, o povo somente seria poupado se descobrisse quem era o assassino do antigo rei, Laio, e o matasse ou expulsasse da cidade, o que considerasse mais justo. Nesse momento, Édipo já era rei de Tebas e marido de Jocasta, que era a viúva de Laio. Muito tempo tinha se passado desde a morte do outro rei e Édipo não fazia ideia de quem era o assassino, mas decide investigar, pois lhe atormentava a praga que estava destruindo o seu povo e era sua responsabilidade livrá-lo. 

Durante sua investigação, ele consulta um adivinho, que o trata de maneira bem hostil, acusando-o de ser o assassino de Laio. Indignado, Édipo manda o homem desaparecer de sua frente, pois sabia que aquilo era uma grande mentira, uma vez que ele sequer estava na cidade quando da morte do rei. Nem mesmo o conhecia! Desconfiando que o vidente poderia ter se unido a Creonte, seu cunhado, para armar contra ele e roubar-lhe o trono, Édipo trava uma séria discussão com o irmão de sua esposa e nenhum argumento do cunhado é suficiente para afastar o ódio e a desconfiança. 

Cada vez mais transtornado e surdo aos pedidos dos outros para que ele pare com as perguntas e deixe o passado para trás, Édipo não desiste, determinado a parar somente quando obtivesse todas as respostas e encontrasse o maldito assassino.

Mas quando toda a verdade finalmente é revelada... as consequências são as piores possíveis. Porque, às vezes, o melhor é não saber. 

"A todo mundo vai, a uma vez, revelar-se, 
Irmão e pai daqueles que gerou
Marido da mulher de que é filho, e do pai
Sócio no dar semente de si - e matador."

- O trecho acima já nos revela todos os segredos do livro. Vários anos antes, uma maldição terrível atormentou o rei Laio e sua mulher. Segundo o Oráculo, o filho do casal mataria o próprio pai e se casaria com sua mãe. Temendo que algo assim se concretizasse, os pais da criança decidem matá-la, entregando-a a um servo que deveria levá-la até um monte, onde então ela seria deixada à morte. 

Ocorre que o tal servo teve pena da pobre criança inocente e não cumpriu as ordens recebidas. Resolveu entregar o menino para outra pessoa, orientando o homem a levá-lo para o mais longe possível, onde não pudesse ser atingido pela maldição que marcou seu nascimento e a vida de seus pais. 

Criado com carinho por seus pais adotivos, reis de Corinto, e acreditando serem eles seus pais biológicos, Édipo foge da cidade ao receber a mesma previsão que um dia fez seus pais decidirem matá-lo: que ele assassinaria o pai e se casaria com a mãe. Não imaginando que as pessoas que o criaram eram seus pais adotivos, ele fica desesperado e durante a fuga acaba por esbarrar num homem desconhecido a quem mata num momento de raiva. Somente muito tempo depois viria a saber que aquele homem que matara na estrada tratava-se do rei Laio, aquele que também era seu pai...

Após derrotar a Esfinge que causava terror em Tebas, Édipo torna-se rei da cidade e casa-se com Jocasta, a viúva de Laio, com quem tem quatro filhos, sendo um deles Antígona, a protagonista da história de mesmo nome. 

- Este resumo já lhes disse tudo, verdade? Toda a desgraça que atingiu as gerações de Laio começou com a previsão do Oráculo. Se o referido rei e sua esposa não tivessem aberto mão do próprio filho e decidido matá-lo, sendo ele ainda um bebê inocente e indefeso, toda a tragédia que os atingiu seria evitada. Porque Édipo não matou o pai e se casou com a mãe de livre e espontânea vontade, sabendo quem eles eram. Não. Tudo aconteceu porque ele foi criado por outras pessoas, desconhecendo quem eram seus verdadeiros pais e a maneira como tinham se desfeito dele. 

- Há uma forte questão de "destino" neste livro. É triste observar que Édipo fez de tudo para fugir das previsões que o apavoraram. Ele amava as pessoas que o criaram e por isso mesmo decidiu ir embora, sabendo que sofreria, que sentiria falta deles. Ma não queria de modo algum ser a causa da ruína de sua família e cometer o terrível pecado de casar e ter filhos com a própria mãe. Antes preferia a morte. 

Jamais passou por sua cabeça que o homem que ele matou após ser provocado pelo mesmo na estrada, era o rei da cidade para a qual ele estava indo. E muito menos que era seu pai. Ao casar-se com Jocasta, também seguia desconhecendo quem era aquela mulher. Tudo o que sabia era que ela era a viúva de Laio, nada mais. E mesmo durante suas investigações, demora bastante a juntar as peças. Não só porque fosse difícil imaginar tal absurdo, mas também porque ele negava-se a encarar a verdade. Quando tudo começa a empurrá-lo para tal revelação, ele prefere ter esperança de que no fim a verdade revele-se outra e não algo tão terrível como a concretização de uma antiga maldição. 

Todas as tentativas do protagonista para fugir do destino mostram-se em vão. Justamente ao tentar escapar daquele pesadelo é que ele segue na direção dele. E isso fica nítido quando terminamos a leitura. Como se a história nos quisesse dizer que é impossível evitar o destino. Que aquilo que está escrito irá acontecer e ponto final, independente do quanto lutemos contra isso. Felizmente, não acredito tanto assim em predestinação. 

"Revelei-me que vim dos que não me convinha,
Vivo com quem não devo, matei quem não podia!"

No fim de tudo, a tragédia chega ao seu apogeu: Jocasta, ao perceber que o homem com o qual casara-se era o filho que um dia tentou matar, se suicida. Édipo, ao encontrar o corpo de sua mãe e esposa e destroçado por todo aquele horror, fura os próprios olhos, para nada mais ver e terminar seus dias em tormento, como punição por seus pecados. 

- E não, gente! Eu não tenho paciência e estômago para essas tragédias gregas. Nem para as que não são gregas, como as de Shakespeare, só para registrar.rs Reconheço a importância delas, que são clássicos mundiais, estudadas até hoje em diversas áreas, mas não irei me habituar a lê-las. Pararei em Antígona, que é uma das minhas próximas leituras. 

- E o que achei da estrutura do livro, já que trata-se de uma peça, algo que afirmei não apreciar muito? Para falar a verdade, gostei da construção da história, ainda que em forma de peça. É uma leitura fácil. Porém não é o que mais gosto de ler.rs



Rei Édipo foi minha escolha para o tema deste mês do Desafio 12 Meses Literários. Na verdade, eu tinha escolhido Vingança Arriscada - Sara Craven, mas acabei lendo o livro bem antes.kkkkkk... Assim, tive que escolher um livro novo. O tema de agosto é: um livro com menos de 200 páginas

Leitora apaixonada por romances de época, clássicos e thrillers. Mãe da minha eterna princesa Luana e dos meus príncipes Celestino e Felipe (gatinhos filhos do coração). Filha carinhosa. Irmã dedicada. Amiga para todas as horas. Acredita em Deus. E no poder do amor.

4 comentários:

  1. Essa é minha tragédia grega favorita! Estudei no semestre passado na faculdade e fiquei apaixonada, apesar de toooda a tragédia da questão! Li e vi o filme. Amo! Amo! Amo!

    Super recomendo também!

    Beijinhos!

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  2. Olá, Luciana!

    Eu gostei bastante do livro. É uma história e tanto, mas não tenho estrutura emocional para ler tragédias. Me deixam deprimida.rsrs E o Édipo, coitado! Esse parece ter sido realmente amaldiçoado. Ninguém merecia o que ele passou. Ser rejeitado pelos pais que preferiram tentar matá-lo e, involuntariamente, acabar sendo o causador da morte deles. :(

    Ainda não vi o filme.

    Bjs!

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  3. Oi Luna, é muita tragédia mesmo viu, tbm não tenho estrututa pra isso não rsrssrs, mas é pra isso que existem os gostos né, se fosse tudo igual não teria graça.

    Bjos

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  4. Verdade, Vanessa!kkkkkkkkkk...

    Gosto bastante do fato de existir vários gostos literários, diversos tipos diferentes de livros. Isso acrescenta muito. Tudo seria realmente muito tedioso se todas as pessoas pensassem igual, tivessem as mesmas opiniões sobre os livros e lessem a mesma coisa. A diferença é bem-vinda!

    Bjs!

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