17 de junho de 2018

O Morro dos Ventos Uivantes - Emily Brontë (não é resenha)

Tempo de leitura:

(Título Original: Wuthering Heights
Tradutora: Adriana Lisboa
Editora: Zahar
Edição de: 2016)

Caro leitor, 
Você está prestes a adentrar o inferno. 
Mas não hesite: a viagem valerá cada segundo. 

Esta é uma história de amor e obsessão. E de purgação, crueza, devastação. No centro dos acontecimentos estão a voluntariosa e irascível Catherine Earnshaw e seu irmão adotivo Heathcliff. Rude nos modos e afetos, humilhado e rejeitado, ele aprende a odiar; mas com Catherine desenvolve uma relação de simbiose, paixão e também perversidade. Nada destruirá a essência desse laço - porém quando ela se casa com outro homem, por convenções sociais, as consequências são irreparáveis para todos em volta. 

Com um olhar sensível e agudo, Emily Brontë fez de O morro dos ventos uivantes um retrato comovente e um estudo da degradação humana provocada pelas armadilhas do destino. Acompanhando a excelente tradução, traz mais de 90 notas, apresentação, cronologia de vida e obra da autora e ainda dois textos de Charlotte Brontë, escritos para a reedição do livro organizada por ela após a morte da irmã. 




Palavras de uma leitora...



- Achei importante destacar no título do post que não se trata de uma resenha.rs Isso porque no blog vocês podem encontrar duas resenhas que fiz anteriormente sobre o livro. Uma publicada poucos meses depois de criar o blog, em 2010. Outra publicada em 2012. 

"- Entre! Entre! - soluçava. - Cathy, entre. Ah, por favor... uma vez mais! Ah, minha adorada! Ouça-me desta vez, Catherine, por fim!"

Lembro com clareza a primeira vez que li esta história. Tinha terminado de ler a saga Crepúsculo e não parava de pensar nos trechos que eram mencionados pela Bella e o Edward. Não foi o único livro do qual eles falaram na história, mas era o preferido deles. E isso, claro, despertou minha curiosidade. Na época, não tinha muito conhecimento de internet, nunca comprava livros pela internet (ano de 2009, era uma adolescente ainda) e tentava encontrá-lo nas poucas livrarias que conhecia e nada. Aí acabei lendo em ebook, numa versão bem antiga e com linguagem difícil. Mesmo assim, com todas as dificuldades, concluí a leitura com uma sensação... "estranha". Nunca um livro tinha me provocado tamanho impacto. Eu jurava para quem quer que fosse que odiava o livro. Que não suportava os protagonistas. Que tudo era culpa deles. Que destruíram a vida de todo mundo e era o pior livro que já tinha lido. Não que eu não tivesse me comovido pelo sofrimento deles, mas os odiava até mesmo por causarem a própria dor!rs E assim, o tempo passou... 

"Qualquer que seja a substância das almas, a minha e a dele são feitas da mesma coisa [...]"

Não fui capaz de esquecê-lo. Eu lia outros livros, seguia normalmente com a minha vida, mas lembrava dos trechos, até mesmo citava alguns pedaços deles. Queria parar de pensar e não conseguia. Comentava sobre a história com minhas amigas, sempre que um professor falava de livros clássicos eu recordava Catherine e Heathcliff. Eles passaram a fazer parte do meu mundo. Ouvia a música, tentava modificar o final da história na minha cabeça e seguia jurando ódio eterno por eles. E quando minha mãe me ofereceu um livro de presente não hesitei ao escolhê-lo. Naquela época eu já sabia da existência da versão publicada pelo selo Lua de Papel, da editora Leya, que falava que era o livro preferido dos meus personagens queridos.rs E aí surgiu a oportunidade de reler a história. Era o que eu precisava. Só necessitava ler o livro de novo para me libertar dele. Para finalmente ficar em paz. 

"Nelly, eu sou Heathcliff! Ele está sempre, sempre em minha mente. Não como fonte de prazer, não mais do que sou uma fonte de prazer para mim mesma, mas como meu próprio ser."

E foi assim que, em 2012, reli a história. Não dá para colocar em palavras como foi essa experiência. Diversas outras vezes ao longo dos anos eu revisitei o morro dos ventos uivantes em minhas lembranças. Mas reler a história foi algo... arrebatador. Os sentimentos dos personagens, os acontecimentos, tudo me atingiu com força. Eu sentia meu coração acelerar, ficava angustiada com cenas que já conhecia e era obrigada a interromper a leitura para respirar antes de voltar para a montanha-russa que era o livro. Marcava muitos trechos e relia cada um deles várias vezes. Eu vivi cada instante com eles. E, no fim, o ódio que eu jurava sentir por Catherine e Heathcliff se transformou em amor. Não abandonei o ódio por inteiro, mas passei a sentir uma mescla dos dois sentimentos. Não era possível odiá-los sem amá-los. Era impossível sentir uma coisa sem a outra. Se antes eu era obcecada pela história deles dois... depois de reler o livro se cravou em mim. Deixou uma cicatriz. 

"[...] podem me enterrar a quatro metros de profundidade e derrubar a igreja por cima de mim, mas jamais vou descansar enquanto não estiver comigo. Jamais!"

E de lá para cá li o livro de novo, remarquei os trechos, assisti todas as versões que consegui dos filmes e minisséries, registrei na memória as histórias que lia e os personagens que de uma maneira ou de outra mencionavam o clássico... Ouvi a música trilhões de vezes e minha versão preferida sempre será do Angra... Enfim... Li centenas de livros (literalmente) depois de O Morro dos Ventos Uivantes, mas nem o passar dos anos foi capaz de apagá-lo, de tirá-lo de mim. Não sei o que acontece comigo, sinceramente. Creio que a obsessão dos personagens me contagiou.kkkkk... 

"Se ele a amasse com todas as forças do seu insignificante ser, ainda assim não poderia amá-la em oitenta anos o mesmo que eu num único dia."

Em 2017 ganhei minha segunda edição da história de presente da minha querida amiga Carol, para quem eu também vivia falando do livro.kkkkkk.. Ela me presenteou com aquela edição por conter um prefácio da Rachel de Queiroz que eu amava. Era um prefácio que li uma vez num livro encontrado numa biblioteca pública e nunca pude esquecê-lo. Aí ela encontrou uma edição que vinha com ele e me deu. Foi um dos melhores presentes que já recebi na vida. :D No mesmo ano, adquiri outra edição do livro, da editora Landmark (não gosto muito dessa edição) e ganhei da minha mãe (de presente de aniversário) a edição de 2016 da editora Zahar, que vem toda comentada, com notas muito interessantes que falam de peculiaridades da época em que o livro foi escrito, cronologia da família Brontë, anexos com comentários da Charlotte Brontë sobre sua irmã e a obra dela e mais... 

"Porque nem a tristeza, nem a degradação nem a morte, nem nada que Deus ou Satã pudessem nos infligir haveria de nos separar; você, de livre e espontânea vontade fez isso. Não parti o seu coração foi você quem o partiu, e, ao fazer isso, partiu o meu também. Pior para mim, ser forte. Se quero continuar vivo? Que tipo de vida vou ter quando... Ah, meu Deus! Você gostaria de viver com a alma no túmulo?"

E quando surgiu a oportunidade de me unir com outras blogueiras para o projeto de Leitura Coletiva deste clássico não pensei duas vezes! Sequer necessitei pensar!kkkkk... Foi com uma euforia que participei da organização com as outras meninas e quando abrimos as inscrições e as pessoas começaram a desejar participar... foi lindo! A leitura teve início em 13/05, com uma duração programada de quatro semanas, encerrando no dia 10/06. Foram quatro tópicos de discussão no grupo criado para esse fim no Facebook e participar dos debates com as meninas foi uma experiência maravilhosa. Nunca tinha participado de um projeto igual e começar pelo meu clássico preferido foi um ótimo início! 

"Não posso viver sem a minha vida! Não posso viver sem a minha alma!"

Ao longo das quatro semanas de leitura e dos debates sobre a história, conheci meninas que são tão apaixonadas pelo livro quanto eu! Que também aproveitaram a oportunidade para reler, que amam odiar os personagens, que compreendem o que os levou ao ponto em que chegaram. E que não conseguem desprezar por completo o Heathcliff. Foram muitos comentários incríveis. As conversas eram longas!kkkkkk... Teve uma vez, no tópico de Discussão 2, quando lemos os capítulos mais importantes do livro (do 10 ao 18), que conversamos até de madrugada.rsrs 

"[...] pois o que não está, para mim, associado a ela? E o que não me faz recordá-la? Não posso olhar para este chão, pois seus traços estão impressos nas lajes! Em cada nuvem, em cada árvore... enchendo o ar à noite, e vislumbrada em cada objeto de dia... Estou cercado pela sua imagem! Os rostos mais comuns de homens e mulheres, meus próprios traços, debocham de mim com alguma semelhança. O mundo inteiro é uma terrível coleção de recordações de que ela existiu, e de que eu a perdi!"

Quando decidi participar da Leitura Coletiva, escolhi ler o meu exemplar da editora Zahar. Nunca tinha lido uma edição comentada e queria saber como era. Confesso que algumas notas eram até muito importantes, nos situando, nos fazendo compreender a época em que a história se passava, vez que ela se passa entre o final do século XVIII e início do século XIX. Todavia, existiam algumas notas simplesmente desnecessárias, que vinham em momentos inoportunos e não acrescentavam coisa alguma. O que chegou a me irritar, sinceramente. Eu me obrigava a ler as notas e quando via que eram pura tolice me estressava.rs Como eu disse, algumas tinham importância sim. Mas outras... definitivamente não

Outro ponto a comentar é a tradução. Conheço algumas traduções diferentes do livro (já que foi a quarta vez que li e optei sempre por ler traduções diferentes umas das outras) e a da Adriana Lisboa, desta edição da Zahar, é muito boa, mas... não é minha preferida, gente. Achei que a maneira como alguns trechos foram traduzidos e organizados acabou por roubar parte da emoção deles. Quando comparava com a tradução da Ana Maria Chaves, da edição da Lua de Papel, sentia uma diferença enorme. E não poderia deixar de comentar sobre isso. Gosto é algo muito pessoal. E eu prefiro a tradução da Ana Maria. 

- Como eu disse, não é resenha. Apenas quis comentar um pouco sobre o livro após lê-lo novamente.rs Não fazia sentido publicar uma terceira resenha, gente!kkkkkkkkkkk... Aí já seria demais, não acham?! Por isso quase não falei sobre a história em si. Se quiserem ler a resenha basta clicar AQUI

Bjs!

Leitora apaixonada por romances de época, clássicos e thrillers. Mãe da minha eterna princesa Luana e dos meus príncipes Celestino e Felipe (gatinhos filhos do coração). Filha carinhosa. Irmã dedicada. Amiga para todas as horas. Acredita em Deus. E no poder do amor.

8 comentários:

  1. Oie,
    Você definitivamente tem uma história de amor com esse livro. Eu já não gosto nenhum pouco dele, acho a história dramática demais e tentei ler duas vezes e não rolou.
    Tambem tenho um caso de amor com livro, o meu é A Sombra do vento

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  2. Oi Luna!
    Tenho muito interesse em ler esse livro, mas tenho um receio de não gostar ou de achar muito difícil por ser um clássico. Mas lendo todas as suas reações com a história e por causa disso, você ter lido quatro vezes, fiquei curiosa e até animada para ler.
    Achei o post muito interessante. Parabéns!
    Bjss

    http://umolhardeestrangeiro.blogspot.com/

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  3. Oi Luna, tudo bem?
    primeiramente gostaria de dizer que estou encantada por esse post, achei incrível a relação que você tem com esse livro e como ele tem grande importância para você! Realmente existem livros que nos dão mais que ressaca literária, não nos deixam viver em paz hahahaha
    O morro do ventos uivantes é um clássico e como uma grande fã de romances sempre tive grande vontade em ler. O livro está na minha lista de leitura há anos, mas pelo fato de ser um clássico e ter uma escrita mais densa tenho medo de não gostar.
    Esse ano estou com um projeto de ler alguns livros mais densos, com certeza essa obra da Emily Bronte está na minha lista e espero me apaixonar e odiar os personagens assim como você.
    Obrigada pelo post, adorei os quotes!

    beijos- Anne and cia

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  4. Oi, tudo bem? Amei teu post e o jeito que você escreve! Quero muito ler esse livro o quanto antes, e espero conseguir. Beijos

    https://porvarioslugares.blogspot.com.br

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  5. Oi Luna tudo bem Eu li duas vezes esse livro e nunca me decepciono, adoro, assim como você acho que as palavras um pouco difícil mais é dá época, o enredo é fantástico! Adorei seu post e seus quotes foi muito bom relembrar algumas falas, e essa relação de amor e ódio, me faz entrar dentro do livro e viver junto essas emoções, obrigado pelo post, adorei seu depoimento. Bjs!

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  6. Lembro que lá pra 2011/2012 assisti uma versão cinematográfica dessa história. Por isso, conheço ela por fora mais nunca me aprofundei na procura de ler o enredo em si, em um livro. Vejo que a história é a sua favorita e participar desse projeto foi importante e marcante pra você, acho que a obsessão que os protagonistas sentiam um pelo outro pode ser comparado com o que você sente pela trama. rsrs
    Enfim, foi bom conhecer sua amor/obsessão por esse clássico mundial.

    Beijos
    http://ventoliterario.blogspot.com

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  7. Amei saber um pouquinho da sua relação com esse clássico. Até tentei lê-lo em e-book mas não rolou, preciso comprar logo meu exemplar. Sou doida por essa edição da Zahar por ter a capa que acho mais bonita. Mas sobre seu comentário sobre a tradução, já fiquei mais interessada nessa edição da Lua de Papel.

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  8. Oi Luna, como está?
    Acredita que eu tenho essa edição da Lua de Papel, que eu comprei com a minha tia quando ela ainda vendia AVON, kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk, faz mais de dez anos e nunca li? No entanto, ouvi falar que a história é bem intensa mesmo e cheia de coisas trágicas. Quero começar a leitura, mas temo ficar de ressaca, kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Porém, pode ser isso que eu esteja procurando para deslanchar uma trama que estou há meses tentando seguir em frente.
    Abraços e beijos da Lady Trotsky...
    http://www.galaxiadeideias.com/
    http://osvampirosportenhos.blogspot.com

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